sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Sabores da poesia e a poesia dos dias.

Os que se alimentam de poesia gostam de chuchar cada verso até ao tutano. O travo que fica no final é o de variados sabores, consoante o tempero aplicado. Por vezes, pode saber a ilusão doce ou salgada, a uma casa inteira... - "Isto sabe a janela" , alguém disse algures, pela mão de Gabriel Garcia Márquez, mas não a propósito de poesia... -; tenho por mim que saber a uma casa inteira alargará os sentidos.
Banqueteemo-nos de poesia. Para estarmos mais armados, até aos dentes, de sentidos. A poesia existe, mesmo quando não se escreve. É quando, às vezes, tem mais valor: a poesia dos dias. Pode saber mal, essa poesia, mas é, por vezes, aquela que podemos apreciar e que nos cabe transformar.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Chuva torrencial

Entre as peles,
branda doçura:
piar de pássaros
ao amanhecer,
mel inconstante,
que ora
escorre,
sem ter nascente.
Melodias etéreas.
Jogos de sons.
Mais um pouco os
frutos, neste semear.
E, do alto do dia,
brindas-me
com chuva torrencial.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Paul

As palavras  sangram,
mas também têm espinhos.
Algumas batem-me à porta.
Ignoro-as
e ei-las
que me fuzilam.
Aaaaaaaaaaaaaaaaaah!
São caminhos de lama
algumas palavras.
E nelas fico atolada.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Plantação

Plantei a poesia
em vasos.
Dei de caras, estes dias,
com frutos letras,
eu que esperava sorrisos
e sol.
Não que as letras sejam más,
mas queria mais.
Talvez tenha de plantar
em terra de quintal
e não num vaso...
Ou talvez
não fosse poesia...